Ser Miss é ser assim...

" Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem eu não sou.
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Clarice Lispector

14.5.13

Dica de livro: Indez

Um dos lados bons de fazer oq faço, ser professora, é conhecer coisas novas, em vários sentidos, todos os dias. 
Adoro a forma gentil e campestre de Bartolomeu Campos Queirós, que traduz em palavras vivências simples mas cheias de significados, pelo menos para mim, acostumada a reviver minha infância e buscar na lembrança os cheiros que estavam nela.
Bem, voltemos aos fatos, buscando um texto para prova, eis que minha chefinha me apresentou esse livro e, por ele me apaixonei.
Encontrei um relato lindo sobre o mesmo e copiei...

"Fui ao dicionário conferir o significado de “indez”. Segundo o Houaiss, é um ovo que se deixa em um ninho descoberto, como chamariz para novas posturas da galinha. É nesse sentido que o autor usa a palavra.
Antônio não só se divertia procurando os ninhos das galinhas legornes, cuja plumagem às vezes a mãe pintava com anilina para que elas colorissem o quintal de arco-íris. Comia junto com os irmãos a bandeira brasileira construída no prato com alimentos coloridos: chuchu, arroz com gema e o azul do esmaltado do prato,
Certa vez engoliu piabas vivas para aprender a nadar depressa e teve forte infecção intestinal. Acompanhou o resguardo da mãe, quando nasceu a caçula e podia comer os pedaços da galinha que não eram aproveitados na canja, menos os pés, porque os pés não se pode comer um só, sob o risco de na vida só espalhar e não ajuntar.
Brincava de chicotinho queimado, boca de forno, pai Francisco entrou na roda, de passar anel...
Aprendeu a rezar e e a cantar para fazer primeira comunhão. Recitava de cor os dez manamentos. Ajudava a montar o presépio, envolvia-se com os festejos juninos, divertia-se no primeiro de abril, com as peças que a mãe lhes pregava; comia biscoitos assados no forno de barro, tudo isso entremeado com os reis , as fadas e os mágicos dos castelos encantados das histórias que lhe contavam e que depois ele mesmo aprendeu a ler, quando também já sabia tabuada de vezes.
Conhecia os movimento de rotação e de translação, Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral, e imaginava a calmaria, que ajudou a descobrir o Brasil, vestida de branco. Já o oceano, ele sabia que era azul como o céu e que só tinha uma margem, de tão grande, porque havia uma gravura na parede. Também na parede do quarto estava o santo anjo do senhor, meu zeloso guardador, protegendo duas crianças de cair no despenhadeiro.
Assim ia crescendo e à medida que crescia sua imaginação ultrapassava as montanhas que circundavam a casa, na busca dos outros mundos que ele ia conhecendo nos livros."



Fica minha dia, não pense que pelo relato o livro seja simples, pelo contrário, é uma leitura cheia de curvas e esconderijos, que nos leva para um mundo antes comum, hoje muito distante da realidade das pessoas, uma leitura cheia de vida...recomendadíssimo!

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