Um dos lados bons de fazer oq faço, ser professora, é conhecer coisas novas, em vários sentidos, todos os dias.
Adoro a forma gentil e campestre de Bartolomeu Campos Queirós, que traduz em palavras vivências simples mas cheias de significados, pelo menos para mim, acostumada a reviver minha infância e buscar na lembrança os cheiros que estavam nela.
Bem, voltemos aos fatos, buscando um texto para prova, eis que minha chefinha me apresentou esse livro e, por ele me apaixonei.
Encontrei um relato lindo sobre o mesmo e copiei...
"Fui ao dicionário conferir o significado de “indez”. Segundo
o Houaiss, é um ovo que se deixa em um ninho descoberto, como chamariz para
novas posturas da galinha. É nesse sentido que o autor usa a palavra.
Antônio não só se divertia procurando os ninhos das galinhas
legornes, cuja plumagem às vezes a mãe pintava com anilina para que elas
colorissem o quintal de arco-íris. Comia junto com os irmãos a bandeira
brasileira construída no prato com alimentos coloridos: chuchu, arroz com gema
e o azul do esmaltado do prato,
Certa vez engoliu piabas vivas para aprender a nadar
depressa e teve forte infecção intestinal. Acompanhou o resguardo da mãe,
quando nasceu a caçula e podia comer os pedaços da galinha que não eram
aproveitados na canja, menos os pés, porque os pés não se pode comer um só, sob
o risco de na vida só espalhar e não ajuntar.
Brincava de chicotinho queimado, boca de forno, pai
Francisco entrou na roda, de passar anel...
Aprendeu a rezar e e a cantar para fazer primeira comunhão.
Recitava de cor os dez manamentos. Ajudava a montar o presépio, envolvia-se com
os festejos juninos, divertia-se no primeiro de abril, com as peças que a mãe lhes
pregava; comia biscoitos assados no forno de barro, tudo isso entremeado com os
reis , as fadas e os mágicos dos castelos encantados das histórias que lhe
contavam e que depois ele mesmo aprendeu a ler, quando também já sabia tabuada
de vezes.
Conhecia os movimento de rotação e de translação, Cristóvão
Colombo e Pedro Álvares Cabral, e imaginava a calmaria, que ajudou a descobrir
o Brasil, vestida de branco. Já o oceano, ele sabia que era azul como o céu e
que só tinha uma margem, de tão grande, porque havia uma gravura na parede.
Também na parede do quarto estava o santo anjo do senhor, meu zeloso guardador,
protegendo duas crianças de cair no despenhadeiro.
Assim ia crescendo e à medida que crescia sua imaginação
ultrapassava as montanhas que circundavam a casa, na busca dos outros mundos
que ele ia conhecendo nos livros."
Fica minha dia, não pense que pelo relato o livro seja simples, pelo contrário, é uma leitura cheia de curvas e esconderijos, que nos leva para um mundo antes comum, hoje muito distante da realidade das pessoas, uma leitura cheia de vida...recomendadíssimo!
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