Ser Miss é ser assim...

" Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das ideias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes... tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem eu não sou.
Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre."

Clarice Lispector

12.9.13

Sobre uma tal flor solitária




Em um deserto distante, vivia uma solitária flor. Tão bela, delicada e com um perfume tão bom que a própria areia desviava-se com a ajuda do vento para não molestá-la.
Afinal, era a única flor do deserto… Ela dava à paisagem árida um toque de vida e luz.
- Por que nasci assim? – pensava ela – tão longe de minhas irmãs e primas?
Olhava ao redor e só via areia clara e o céu azul. Os grãos de areia adoravam visitá-la.
Ela, tão linda e colorida, alegrava e dava vida àquele deserto.
Alguns grãos de areia viajavam dias e dias para conhecê-la. Comentavam entre si como era mais bela a paisagem graças à presença daquela flor.
Mas a flor, por não entender sua missão, sentia-se muito só. Se existia um motivo para a sua vida, qual seria ele?
Os grãozinhos de areia tentavam se comunicar com ela, mas por pertencerem a dimensões, ou reinos diferentes (vegetal e mineral), eles não conseguiam transmitir à flor o quão importante e necessária era a sua presença ao deserto.
Em cada amanhecer, a flor olhava ao redor em busca de algum sinal de vida. Deprimida, ela, então, definhou e morreu.
Os grãos de areia, que nada puderam fazer, entristeceram-se.
Já não queriam mais passear e até o vento, naqueles dias, desistiu de soprar… Perguntavam eles:
- Será que a flor que procurava vida ao seu redor não percebeu que ela era a própria vida? Ela era a alegria e o colorido da paisagem! Por que insistiu em procurar fora aquilo que estava dentro dela?
Tal leitura levo-me a duas reflexões.
1. Flor hipócrita. Não sabia  reconhecer sua importância, nem valorizar o que estava ao seu redor. Tantas flores reconheço, ainda em meu jardim, que se acham únicas e merecedoras de reconhecimento!
Acabam caminhando para esse mesmo fim. Vão definhando, ficam cada vez mais duras, ressecadas, almas mortas, não são capazes de reconhecer em seu dia a dia as bençãos entregues, sua missão, seus obstáculos. Vivem se queixando e desejando de ser algo que não são, nem mesmo tentam ser... o interessante é que todo o universo conspirava para que ela continuasse assim, linda, delicada, solitária e incompreendida! Até os grãos de areia desviavam sua rota! Que flor poderosa... quantas que agem tão perfeitamente igual, manipulam com sua fraqueza mascarada, com seus desejos frágeis...vivem uma vida sem viver!
2. Uma lição. Não que me veja como a bela flor, contudo, quantas vezes, diante dos pequenos problemas diários me pego fazendo queixas bobas, desnecessárias, exigindo um pouco de atenção. Esses dias mesmo, não vou me recordar o motivo, sei que era bobo, mas fiquei lá, no sofá, meio de bico, como uma adolescente que não podia sair no sábado a noite, esperando que me questionassem " Que foi!?"
Para que? Me peguei pensando em seguida? Só para me queixar, derrubar na outra pessoa uma insatisfação minha, mesmo sem ter explicado meus sentimentos. Tenho essa mania de achar que todo mundo tem bola de cristal. Ainda bem que a reflexão foi rápida, deu tempo de abrir um sorriso, dar um beijo e um abraço e ter uma noite maravilhosa...mas, foi por pouco que não estrago tudo. Taí, na verdade acada um estraga sua própria vida deixando de vivê-la!

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